ACARTES
segunda-feira, 11 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
ACARTES lança longa metragem no Teatro José de Alencar
O lançamento acontece no palco principal do Teatro José de Alencar, no próximo dia 14, às 18h.
O filme, com duração de 01h30, é uma produção do Ponto de Cultura Academia de Ciências e Artes (Acartes). Cerca de 100 profissionais trabalharam na execução do audiovisual, sendo que 80% deles foram instruídos e formados em cursos fornecidos pelo próprio Ponto de Cultura. O ator global Aramis Trindade, é um dos protagonistas do filme.
O roteiro é uma adaptação do romance homônimo de Gerardo Damasceno, diretor da Acartes. Antes, o autor do livro já havia adaptado a obra para peça de teatro, juntamente com o dramaturgo Raimundo Cavalcante. Agora, os dois renovam a parceria, adaptando o livro para audiovisual. Depois de reunir recursos do Programa Cultura Viva e da Lei Rouanet, “Poço da Pedra” se transformou em um filme de longa-metragem, filmado em vídeo digital. O projeto foi um dos beneficiados pela Lei Rouanet - Secretaria de Audiovisual, do Ministério da Cultura, que apóia esta iniciativa. Para isso, o grupo também conta com o patrocínio da empresa privada, M. Dias Branco
No lançamento, dia 14 de abril, às 18h, o longa metragem será exibido pela primeira vez, na íntegra, para imprensa e convidados. No lançamento, também será realizada uma exposição dos maquinários confeccionados e utilizados durante do processo do filme. Célio Turino, Secretário de Cidadania Cutural do Governo Lula, será homenageado durante a cerimônia. Um coquetel encerra a noite.
O enredo
Apesar de ser uma obra de ficção o filme faz uma releitura de fatos bem recorrentes na política do nosso estado. A comunidade do pequeno distrito de Poço da Pedra, localizado no município de Itaimbé da Serra (os nomes são fictícios) sofre com a ambição de políticos e poderosos que planejam dominar as terras do distrito, pois dispondo de informações privilegiadas este grupo sabe que naquela região irá passar uma rodovia federal valorizando o valor das terras em que pretendem construir um complexo turístico. Assim, este grupo arma um plano para se apossar das terras e investe na divisão dos moradores do distrito. Sem perceber os reais interesses dos poderosos, os moradores do distrito organizados em torno da cooperativa dos produtores rurais articulam a sonhada emancipação política do distrito em relação ao município. O assassinato do líder Zé Capote e a consequente investigação do crime vai esclarecendo pouco a pouco interesses em conflito.
Serviço: Lançamento do filme Poço da Pedra
Data: 14 de abril
Hora: 18h
Local: Teatro José de Alencar (Palco Principal)
Diretrizes culturais serão debatidas no Senado
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, participa nesta quarta-feira (6), às 10h, de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), onde irá falar sobre os planos e diretrizes da pasta para os próximos quatro anos.
O autor do requerimento da audiência pública é o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). A CE é presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). A vice-presidente da comissão é a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
A pasta da Cultura esteve no noticiário nas últimas semanas por causa de uma polêmica sobre a mudança da legislação relativa aos direitos autorais e a ocupação de alguns postos importantes do ministério.
Frente Parlamentar
Antes da audiência, durante café da manhã marcado para as 08hs, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, será lançada a da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, tendo a frente a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O evento contará com a presença da ministra Ana de Hollanda, dos membros do Conselho Nacional de Política Cultural, senadores, deputados federais, artistas, intelectuais, militantes e representantes dos movimentos culturais do país.
Antes da audiência, durante café da manhã marcado para as 08hs, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, será lançada a da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, tendo a frente a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O evento contará com a presença da ministra Ana de Hollanda, dos membros do Conselho Nacional de Política Cultural, senadores, deputados federais, artistas, intelectuais, militantes e representantes dos movimentos culturais do país.
A Frente. A Frente Parlamentar Mista da Cultura é uma dos mais importantes colegiados do Congresso Nacional e reúne mais de 250 congressistas, que pretendem debater temas estruturantes para a consolidação das políticas públicas culturais no país. Um dos principais objetivos do grupo, segundo determina o próprio regimento, é acompanhar a política governamental, os projetos e programas direcionados à promoção da cultura e à preservação do patrimônio histórico (material e imaterial), arquitetônico, além de incentivar e fomentar mecanismos de preservação e difusão da cultura popular brasileira.
Composição. A deputada fluminense Jandira Feghali (PCdoB/RJ) foi eleita para presidir a Frente, que inovou ao indicar coordenadores estaduais e do Distrito Federal para colaborar ativamente no levantamento de demandas e na mobilização dos atores culturais locais para auxiliar o conselho executivo na condução de propostas a serem apreciadas pelo grupo. O conselho executivo foi composto suprapartidariamente e buscou contemplar todas as unidades federativas. O senador Inácio Arruda, membro do Conselho Nacional de Cultura, foi escolhido o coordenador da Frente Parlamentar Mista da Cultura, no estado do Ceará.
Fonte: Assessoria de imprensa do gabinete com informações da Agência Senado e Agência Câmara
Inscrições abertas para a IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia
A Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e a Associação dos Produtores de Discos do Ceará (Prodisc) abrem as inscrições para a IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia. As inscrições podem ser feitas até 08 abril, de segunda à sexta, das 9h às 17h, na sede da Secultfor ou na sede da Prodisc.
Podem se inscrever músicos ou grupos musicais residentes em Fortaleza de qualquer gênero ou estilo musical. Para participar basta preencher uma ficha de inscrição e apresentar o material exigido no Regulamento da Mostra. Ambos documentos estão disponíveis abaixo e no site da Feira da Música (www.feiradamusica.com.br).
Os trabalhos inscritos serão avaliados por uma Comissão de Seleção que irá escolher 30 músicos e/ou grupos musicais. O resultado será divulgado na segunda quinzena de abril. Cada selecionado receberá um cachê de R$1 mil (Hum mil reais) bruto.
A IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia será realizada mais uma vez em parceria com a Associação dos Produtores de Cultura do Ceará – PRODISC, no dias 20 e 21 de Maio de 2011, no Shopping Solidário Bom Mix, no Bom Jardim, com uma programação voltada para o Rock; e nos dias 27 a 29 de Maio de 2011, na Barraca Biruta, na Praia do Futuro, com uma programação mais diversificada. Além dos shows, esta edição da Mostra contará com palestras e oficinas do universo da música que abordam oportunidades de inserção das bandas locais no mercado nacional, e uma pequena feira de produtos e serviços voltados a este mesmo universo.
Nos cinco dias de realização da IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia, um júri selecionará os 10 (dez) melhores grupos/músicos para apresentação de shows na programação da X Feira da Música, que será realizada de 17 a 20 de agosto de 2011.
A Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia foi criada a partir da demanda do Orçamento Participativo de 2005 e consolida-se nesta quarta edição em seu propósito de valorizar e dar visibilidade à produção musical de grupos e artistas do município de Fortaleza. Foram realizadas três edições, nos anos 2006 e 2007, e em 2010 o evento foi retomado sob novo formato e maior amplitude, inserindo-se na programação da Feira da Música de Fortaleza.
Clique aqui para ler o regulamento.Clique aqui para acessar a ficha de inscrição.
:: SERVIÇOInscrições para a IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio MaiaPeríodo: 16 de março à 08 de abrilLocais: Secultfor (Rua Pereira Filgueiras, 4, Centro) e Prodisc (Rua Engenheiro Plácido Coelho Júnior, 180, Vicente Pinzón)Informações: 3262.5011
Material para Inscrições
• Ficha de inscrição preenchida;
• CD de demonstração com no mínimo 3 (três) faixas em boas condições de audição;
• Release do grupo/músico, ao qual poderá ser anexado: impressos, material de divulgação e notas de imprensa;
• CD contendo release digitalizado e foto em boa resolução;
• Roteiro da apresentação relacionando os títulos e autores das composições que serão apresentadas no show;
• Ficha técnica da apresentação;
• Mapa de palco;
• Fotocópia da identidade do proponente;
• Fotocópia do CPF do proponente;
• Fotocópia de comprovante de endereço do proponente.
Podem se inscrever músicos ou grupos musicais residentes em Fortaleza de qualquer gênero ou estilo musical. Para participar basta preencher uma ficha de inscrição e apresentar o material exigido no Regulamento da Mostra. Ambos documentos estão disponíveis abaixo e no site da Feira da Música (www.feiradamusica.com.br).
Os trabalhos inscritos serão avaliados por uma Comissão de Seleção que irá escolher 30 músicos e/ou grupos musicais. O resultado será divulgado na segunda quinzena de abril. Cada selecionado receberá um cachê de R$1 mil (Hum mil reais) bruto.
A IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia será realizada mais uma vez em parceria com a Associação dos Produtores de Cultura do Ceará – PRODISC, no dias 20 e 21 de Maio de 2011, no Shopping Solidário Bom Mix, no Bom Jardim, com uma programação voltada para o Rock; e nos dias 27 a 29 de Maio de 2011, na Barraca Biruta, na Praia do Futuro, com uma programação mais diversificada. Além dos shows, esta edição da Mostra contará com palestras e oficinas do universo da música que abordam oportunidades de inserção das bandas locais no mercado nacional, e uma pequena feira de produtos e serviços voltados a este mesmo universo.
Nos cinco dias de realização da IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia, um júri selecionará os 10 (dez) melhores grupos/músicos para apresentação de shows na programação da X Feira da Música, que será realizada de 17 a 20 de agosto de 2011.
A Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio Maia foi criada a partir da demanda do Orçamento Participativo de 2005 e consolida-se nesta quarta edição em seu propósito de valorizar e dar visibilidade à produção musical de grupos e artistas do município de Fortaleza. Foram realizadas três edições, nos anos 2006 e 2007, e em 2010 o evento foi retomado sob novo formato e maior amplitude, inserindo-se na programação da Feira da Música de Fortaleza.
Clique aqui para ler o regulamento.Clique aqui para acessar a ficha de inscrição.
:: SERVIÇOInscrições para a IV Mostra de Música de Fortaleza Petrúcio MaiaPeríodo: 16 de março à 08 de abrilLocais: Secultfor (Rua Pereira Filgueiras, 4, Centro) e Prodisc (Rua Engenheiro Plácido Coelho Júnior, 180, Vicente Pinzón)Informações: 3262.5011
Material para Inscrições
• Ficha de inscrição preenchida;
• CD de demonstração com no mínimo 3 (três) faixas em boas condições de audição;
• Release do grupo/músico, ao qual poderá ser anexado: impressos, material de divulgação e notas de imprensa;
• CD contendo release digitalizado e foto em boa resolução;
• Roteiro da apresentação relacionando os títulos e autores das composições que serão apresentadas no show;
• Ficha técnica da apresentação;
• Mapa de palco;
• Fotocópia da identidade do proponente;
• Fotocópia do CPF do proponente;
• Fotocópia de comprovante de endereço do proponente.
Filme As Mães de Chico Xavier estreia em 420 cinemas brasileiros e vai a Cannes
O filme "As Mães de Chico Xavier", produção da Estação Luz Filmes, dirigida por Glauber Filho e Halder Gomes, estreou na última sexta-feira 1° de abril em 420 salas de cinema do Brasil. A pré-estreia em Fortaleza foi na noite de quinta-feira, 31 de março. O longa-metragem encerrou I Mostra de Cinema Transcendental, promovida pela ONG Estação da Luz, no Multiplex UCI Ribeiro, do Shopping Iguatemi. O produtor Luís Eduardo Girão anunciou que o filme será apresentado no próximo dia 13 de maio para potenciais compradores de diversos países no Festival de Cannes.
A noite da avant-première de "As Mães de Chico Xavier", em Fortaleza, foi aberta com apresentação da atriz e cantora Via Negromonte, acompanhada do músico Sandro Shankara. Eles interpretaram mantras do CD Priyamantra, lançado ano passado por Via. Além da atriz, que vive na trama o papel de Ruth, uma das mães, o elenco do filme foi representado na pré-estreia cearense por Neuza Borges, Daniel Dias da Silva, Gustavo Falcão, Christiane Gois, Daniel Dias e Gabriel Pontes. O autor da trilha sonora, Flávio Venturini, e Célia Diniz, uma das mães que inspiraram o filme, também vieram a Fortaleza.
A noite da avant-première de "As Mães de Chico Xavier", em Fortaleza, foi aberta com apresentação da atriz e cantora Via Negromonte, acompanhada do músico Sandro Shankara. Eles interpretaram mantras do CD Priyamantra, lançado ano passado por Via. Além da atriz, que vive na trama o papel de Ruth, uma das mães, o elenco do filme foi representado na pré-estreia cearense por Neuza Borges, Daniel Dias da Silva, Gustavo Falcão, Christiane Gois, Daniel Dias e Gabriel Pontes. O autor da trilha sonora, Flávio Venturini, e Célia Diniz, uma das mães que inspiraram o filme, também vieram a Fortaleza.
Quatro salas do Multiplex UCI Ribeiro ficaram lotadas pelos convidados dos mais diversos segmentos culturais e sociais. Na sala 1, onde aconteceu a solenidade de abertura transmitida ao vivo para as telas das demais salas, o produtor Luís Eduardo Girão fez questão de chamar à frente do público todos os que trabalharam no filme, entre artistas, técnicos e produtores. “É o cinema cearense”, disse entusiasmado, apontando para a equipe. Ele pediu ao público para formar uma “corrente do bem” divulgando o filme para familiares e amigos e revelou o sonho de fazer um filme sobre Allan Kardec, humanista e codificador da Doutrina Espírita.
Em seguida, Sidney Girão, produtor executivo e diretor da Estação Luz Filmes, fez os agradecimentos aos patrocinadores. Antes agradeceu a Deus a oportunidade de fazer um filme com mensagem de esperança e paz. O diretor Glauber Filho dedicou o filme a todas as mães e, claro, a dele, especialmente. Segundo Glauber, durante as filmagens todos, na equipe, viraram irmãos. Halder confirmou esse sentimento e destacou a grande afinidade com Glauber, a quem considera “irmão de alma”. “Esse filme é uma celebração à vida, vai ajudar a salvar muitas vidas”, disse Halder.
Bem-humorada, Neusa Borges agradeceu a todos, sem querer se estender muito. “Sei que vocês estão loucos mesmo é para ver o filme”, falou, provocando risos na platéia. A jovem atriz Cristiane Góis disse estar orgulhosa de participar de uma produção da sua terra. Por fim, Márcio Fraccaroli, da Paris Filmes, destacou o carinho e a generosidade da equipe e produtores e reforçou a informação de que “As Mães de Chico Xavier” será levado a Cannes para ser apresentado a representantes do mercado exibidor de vários países.
Enredo
“As Mães de Chico Xavier” é inspirado no livro “Por Trás do Véu de Isis”, do jornalista e escritor Marcel Souto Maior, com roteiro original de Glauber Filho e Emmanuel Nogueira e distribuição da Paris Filmes. Conta a história de três mães que têm em comum a busca de consolo e esperança nas mensagens psicografadas pelo médium mineiro Chico Xavier (Nelson Xavier). Ruth (Via Negromonte) sofre pela perda do filho, envolvido com drogas; Elisa (Vanessa Gerbelli) repensa sua vida após a morte do pequeno Theo (Gabriel Pontes); e Lara (Tainá Muller) é uma professora que enfrenta o dilema de uma gravidez não planejada, além do choque pelo assassinato do pai de seu bebê.
O longa-metragem foi filmado em película 35mm nos meses de abril e maio de 2010, com locações nas cidades de Guaramiranga, Pacatuba, e também em Fortaleza, no Ceará.A Estação Luz Filmes é responsável pela produção de “Bezerra de Menezes – O Diário de Um Espírito”, de que levou mais de 500 mil espectadores ao cinema em 2008, fazendo despontar o gênero transcendental no Brasil. É coprodutora dos longas “Chico Xavier”, “Área Q” e “O Filme dos Espíritos”.
Parte da renda arrecadada com as exibições do filme será revertida para a Casa da Prece, em Uberaba, onde Chico atendia pessoas de todos os lugares.
Para saber mais acesse http://asmaesdechico.blogspot.com.
Célio Turino e os Pontos de Cultura
Foto: André Simas |
Na mesa do restaurante, o historiador Célio Turino não dispõe de melhores artefatos, além de um guardanapo e uma caneta, para auxiliá-lo numa explicação. No pedaço de papel, de modo improvisado, faz alguns esboços. Há uma pirâmide invertida, com o topo maior representando o Estado e, na ponta que afunila, escreve-se “povo”. No mesmo guardanapo, Turino desenha outra pirâmide, na posição regular, mas inverte o sentido: Estado, agora, está no topo que afunila, e “povo” é a base maior. A primeira figura, explica, é o que geralmente se vê nas gestões em todo o mundo – o Estado, detentor dos recursos, e determinando o que é Cultura. A segunda figura representa a transformação que o historiador realizou quando esteve à frente da Secretaria da Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, entre 2004 e 2010.
Turino já está acostumado com a combinação de improvisação objetiva e citações filosóficas de Spinoza e Vygotsky . Em apenas 40 dias, colocou em atividade o Ponto de Cultura, programa idealizado por ele e que foi formulado a partir das idéias de compartilhamento e desenvolvimento de uma rede entre Estado e Sociedade. Hoje, o país registra 3.000 Pontos de Cultura (PCs), que descentralizam a ação cultural e tornam evidentes manifestações artísticas que antes apenas eram consideradas folclore.
Ao se colocar novamente o povo na base maior, o Estado deixa de ser o responsável por autenticar o que é Cultura. Mas não se trata de enfraquecimento do Estado, senão de um processo de desenvolvimento do “Estado-Rede”. Para Turino, antes dos PCs, não havia no Brasil uma política pública estruturada para fomentar o protagonismo da sociedade e da autonomia. Ao desmanchar as Bases de Apoio à Cultura (BACs), criadas no inicio do governo Lula, Turino mudou o foco: tirou-o da estrutura física e o colocou sobre as pessoas, aquilo que está vivo.
Fora do governo federal, Turino reconhece certa preocupação com o futuro de sua criação. Segundo ele, o corte orçamentário do MinC, de 55%, afetará a transferência de recursos, podendo atingir cerca de 500 PCs. “Ou se reverte esse corte, ou se terá um calote previamente anunciado”, observa.
Sobre os últimos acontecimentos envolvendo a nova gestão do MinC e a Lei de Direito Autoral, Turino tem implicações não apenas políticas, mas filosóficas. “Posso dizer que há uma rede de milhares de comunidades se apresentando por elas mesmas. A composição do Cultura Digital é vital para a construção do Cultura Viva”, afirma.
Brasilianas.org – Como foi a construção das bases do Ponto de Cultura?
Célio Turino - Ele começou em Campinas, há mais de 20 anos, quando fui secretário de Cultura de lá, de 1990 a 1992. Naquele período, a gente desenvolveu uma ação com casas de cultura, que tinham o germe desse pensamento, que era da gestão compartilhada entre Estado e sociedade, desenvolvimento em rede e adaptação da realidade local. Pegávamos uma casinha de COHAB, que estava desativada, em um bairro distante da cidade, e ali virava um ponto. E assim sucessivamente, em garagens, no que era possível. Depois, o programa se desestruturou na mudança de governo. Eu também fui mudando de rumo e, em 2000, vim trabalhar em São Paulo, onde fui diretor de Lazer, até quando fui chamado para ir ao Ministério da Cultura (MinC).
Qual era a situação quando você chegou para trabalhar no MinC?
Havia um desejo do presidente Lula de descentralizar a ação cultural. A solução encontrada em 2003 foi as Bases de Apoio à Cultura (BACs), que consistia na construção de um centro cultural pré-moldado, de estrutura metálica, e que seria reproduzido em periferias, favelas, cidades pequenas. A idéia era construção, não tinha o funcionamento, nem recursos para as atividades e para a manutenção. Isso caberia à comunidade, ou à prefeitura, desenvolver. Houve um embate de disputa política interna no MinC, em 2004, que gerou a saída do Secretário de Programas e Projetos da época, o Roberto Pinho.
A secretaria ficou durante seis meses sem secretário, até que chegaram a mim. O Gil [Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura] havia lido um livro meu (Na trilha de Macunaíma – Ócio e Trabalho na cidade), que na época ainda era uma tese e não tinha sido publicado, e tinha gostado. Fui chamado para desenvolver o programa, mas ainda eram as BACs. Quando entrei no ministério, propus que se mudasse o foco. Saímos do foco na estrutura e o colocamos no fluxo, no pulsante, no vivo. Porque a cultura acontece em qualquer lugar, e depende das pessoas, muito mais do que das estruturas, pois estas crescem com o tempo.
Em alguns setores, como na Saúde, a intensificação da descentralização gerou a segmentação, a fragmentação do sistema. No caso da Cultura, qual a natureza dessa descentralização?
O slogan do MinC até 2002 era “A Cultura é um bom negócio”. Basicamente, o único mecanismo de financiamento da Cultura era o mercado e a renúncia fiscal pela Lei Rouanet. Esses grupos que emergiram com os PCs, eu sabia que existiam, em função da minha história, tinha circulação, e sabia que eles não eram visibilizados pelo Estado. No máximo eram tratados como grupos de cultura tradicional, como folclore; a prefeitura pagava um ônibus, dava um lanche.
Ou mesmo um grupo cultural numa favela: davam algum apoio, chamavam para alguma apresentação, mas não havia, até então, nenhuma política pública estruturada para fomentar esse protagonismo da sociedade e de autonomia. Quando falo da gestão compartilhada, é entre Estado e sociedade; e o PC seria um elo de ligação e de comunicação nesse universo. Se você pegar a teoria do Habermas, da ação comunicativa, ela tem proximidade com esse pensamento.
O processo de implantação dos pontos foi precedido por algum mapeamento?
Foi muito rápido. Em 40 dias já estávamos com o programa pronto, decreto instituindo e edital público na rua. Com o edital, a gente inverteu a situação. Normalmente, o Estado define previamente no seu planejamento o que deve ser feito – ele cria uma roupagem e tenta adequar o que deve ser feito, e isso em todo lugar do mundo. O que fizemos foi o contrário; definimos alguns parâmetros, um deles o valor que é passado para o PC, que era, mais ou menos, R$ 5 mil por mês (hoje seriam R$ 180 mil em três anos). E o grupo é que devia dizer qual a solução para o problema, se ele quer trabalhar com violinos ou com o resgate de algum idioma indígena. Eu tinha a confiança de que daria certo.
Tivemos um bom retorno no início, cerca de 850 projetos em 2004 – era para selecionarmos apenas 100, mas como eram muito bons, chegamos a 260, e terminamos aquele ano com 72 conveniados. Em função dessa construção e desse retorno, o programa foi ganhando mais força e, em paralelo, aquela idéia da BAC foi perdendo força. Ficou acordado que esse era o caminho, e o Congresso, depois da aprovação do presidente Lula, fez uma emenda parlamentar de R$ 55 milhões para o programa para 2005; quando comecei, tinha apenas R$ 5 milhões.
Como os Pontos de Cultura devem ser conduzidos pela nova gestão do MinC, com relação ao orçamento?
Tudo isso é muito novo e muito intenso, então a própria construção do mecanismo de transferência de recursos se deu dentro de um marco legal, que é a Lei de Licitações, que não é adequado à realidade dessas comunidades, dessa realidade viva. Essa implantação demonstra, hoje, seis anos depois, que é necessário um novo marco regulatório, pelo menos para estabelecer essa relação do Estado com a sociedade, respeitando a autonomia das comunidades e o seu protagonismo
Nós começamos o processo de forma direta, o MinC e entidades da sociedade. O programa cresceu de tal forma, que não se tem como administrar o projeto em algumas terras indígenas distantes diretamente. Começamos, a partir de 2007, a estabelecer redes com Estados e municípios. A rede fez com que o processo seletivo fosse para essas unidades da federação, descentralizando e incorporando novos recursos. Se é R$ 60 mil por ano, R$ 40 mil é o governo federal que coloca, R$ 20 mil é dado pelo Estado.
Em 2004, teve uma reunião do conselho de secretários estaduais de Cultura, com o ministro Gil, para protestar contra o programa, pois diziam que ele estava atravessando grupos que os secretários de alguns Estados consideravam que nem eram culturais, como uma comunidade quilombola. Queixava-se de alguns grupos serem contemplados, sem passar por eles.
São Paulo foi um desses Estados que reclamaram?
São Paulo tem tido uma atitude exemplar. O MinC não depositou a parte dele para o programa, a segunda parcela. O governo do Estado honrou e depositou a parte dele, que era de R$ 6 milhões, pagou 100 PCs. É uma política pública que ganhou uma hegemonia.
E agora com o corte orçamentário de 55% no ministério?
No ano passado, o orçamento foi de R$ 200 milhões, mas acho que não se realizou isso. O corte anunciado é grave, porque é de 55%, coloca o orçamento abaixo de R$ 100 milhões. Hoje são 3 mil Pontos de Cultura. São R$ 60 mil por ano para cada um; o custo para o MinC é de 2/3 disto – ou seja, R$ 40 mil/ano. Multiplicando, dá R$ 120 milhões.
De cara, 500 PCs, com certeza não vão ter seu recurso empenhado. Só que o programa Cultura Viva não é apenas PC, tem Pontão, tem prêmios para as ações Cultura e Saúde, Escola Viva, interações estéticas. O conjunto de prêmios no ano passado somou R$ 32 milhões – já se sabe, então, que este ano não haverá nenhuma ação. Ou se reverte esse corte orçamentário, ou se terá um calote previamente anunciado.
Outra proposta da nova gestão é com relação à profissionalização dos PCs. Seria uma tentativa de retomar a centralização?
Não se trata apenas de um problema de orçamento, mas de conceito, de filosofia. Volta-se às propostas das BACs, agora com o nome de Praça do PAC, que é, novamente, um pré-moldado, mas com muito mais recurso. Já se definiu qual a prioridade. Essa visão da qualificação, o que nós praticamos é qualificação, é desenvolvimento. Qual a base filosófica do Ponto de Cultura? Tem muito Spinoza, [Lev] Vygotsky, fenomenologia, Hegel. A construção do conhecimento e o processo de desenvolvimento a partir da aproximação entre as partes, ou entre os pontos. Vygotsky, por exemplo, percebeu, nos anos 1920, que o conhecimento das crianças dava saltos exatamente no momento em que uma criança se integrava com a outra. Essa foi minha referencia primeira, depois que cheguei a Spinoza, que pensava o fortalecimento da potência. É a capacidade humana que cada um de nós tem de agir e transformar a sua realidade.
Só que a história das civilizações é o oposto disso, é a depressão da potência das pessoas e a concentração de riquezas de conhecimento. Essa visão do qualificar, trata-se de qualificar quem? Qualificar do Estado para baixo, como se eu soubesse mais que os outros? Falo do Brasil de baixo para cima, que é um processo de desenvolvimento que acontece nessa visão do Estado-Rede.
Há, então, essa dificuldade de implantação de conceito no próprio ministério.
Logo que iniciei o programa, todas as pessoas que trabalhavam com o governo, até no Ministério do Planejamento, falavam que eu estava fazendo uma loucura, porque eu busquei fazer o convênio direto, um a um. Ia assinar convênio diretamente com caciques de aldeias indígenas. Na verdade o Ponto de Cultura é uma injeção direta na veia. Diziam para que eu deixasse ONGs e OSCIPs fazerem esse trabalho por mim. Mas e o protagonismo das comunidades? O objetivo era justamente fortalecer o protagonismo da sociedade. Fizemos uma inversão.
Uma pesquisa do IPEA demonstrou isso – cada PC atende, de uma forma ampla, levando em conta até quem foi assistir um filme no ano, 3.300 pessoas. Isso dá um público de 8,5 milhões de pessoas em torno dos PCs, dos quais 750 mil em atividade regular. Qual o custo disso? R$ 5 mil por mês, se você olhar, mal é o custo de um salário. Se você volta ao velho esquema da estrutura do “de cima para baixo”, mostra que, na verdade, quem quer qualificar é que deve ser qualificado. De um lado o Estado vai se ampliando e se abrindo, aprendendo a conversar com o menino do Hip Hop, e, de outro lado, o menino do Hip Hop vai se apoderando do Estado.
De que maneira a reforma da Lei do Direito Autoral interfere no andamento dos Pontos de Cultura?
Cada PC é de um jeito, mas o único elemento que é comum a todos eles é o Estúdio Multimídia, que é o equipamento utilizado para a construção do auto-retrato. Isto é, o povo pelo povo, o índio pelo índio, por meio da construção de narrativas. E se é gestão em rede, é preciso que cada um se disponha a trocar, numa interação identidade/auteridade. Normalmente, as propostas culturais, mesmo as mais de esquerda, se focam muito na identidade; o que buscamos no Cultura Viva é essa equação com a auteridade.
Esse é um dos problemas da comunicação, também. Você deixar, por exemplo, que a narrativa sobre o índio seja construída pelo próprio índio, e não pelo repórter.
É isso que queremos fazer. E hoje posso dizer que há uma rede de milhares de comunidades se apresentando por elas mesmas. É claro que são de redes diferentes, tem a questão de linguagem, mas o processo tem se dado. Um exemplo é o Índios Online.
Veja que essa composição da Cultura Digital é vital para a construção do Cultura Viva e ela parte de alguns princípios. Aquela discussão de tirar o símbolo dos Creative Commons (CC) pela marca. Na verdade, não é apenas uma marca [o CC], tem princípios: generosidade intelectual e trabalho colaborativo em rede. O que está por trás são formas de ver o mundo. Hoje a decisão não é do autor, é das editoras, ou seja, da intermediação. A lei não protege o autor, mas fundamentalmente protege a intermediação – que é uma forma de indústria que se acabou, não existe mais, pois ela tinha controle pelo físico, e o físico acabou. Uma obra de arte só é arte se ela é comunicada, se estabelece relação com alguém. Se ela fica trancafiada, ela deixou de se realizar.
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